Por que show de Tracy Chapman deixou os fãs tão emocionados no Grammy?

A cantora Tracy Chapman se apresentou ao lado de Luke Combs, cantando a música Fast Car, e emocionou o público no Grammy 2024

O Grammy 2024, em meio a polêmicas, esnobadas e vitoriosos, teve um dos momentos mais emocionantes da música pop nos últimos anos. A cantora Tracy Chapman subiu ao palco ao lado de Luke Combs, os dois interpretaram Fast Car, arracando aplausos e lágrimas da plateia. Mas por que a interpretação comoveu tanto?

Para entender essa história, é preciso voltar aos anos 1988, quando Tracy Chapman lançou Fast Car – que foi, recentemente, regravada por Luke Combs. A faixa foi um sucesso, chegando a 6 posição no ranking da Billboard. O disco, que levava o nome da cantora, ainda contou com outros hits, como Baby Can I Hold You e Talkin’ Bout a Revolution.

Tracy Chapman era uma das maiores estrelas dos anos 1980 e 1990, com músicas que denunciavam o racismo, a homofobia e a violência contra mulheres. Acontece que, apesar da fama, a artista do country não curtiu muito a vida de celebridade.

“Estar nos holofotes é desconfortável para mim”, declarou Tracy Chapman, em entrevista ao Irish Times, em 2015. Ao longo da carreira, a artista sempre preferiu ficar nos bastidores do que encarar a vida de celebridade.

Por conta dessa vida reclusa, a participação de Tracy Chapman no Grammy 2024 foi considerada histórica e arrancou lágrimas dos fãs de música.

Sucesso de Tracy Chapman nas paradas

A participação da cantora no Grammy 2024 conseguiu causar um efeito prático. Fast Car, a versão de Tracy Chapman, chegou pela primeira vez ao topo do iTunes nos Estados Unidos. O disco Tracy Chapman (1988) também figurou em primeiro lugar no ranking.

No Brasil, a canção chegou ao TOP 10 da iTunes. “Isso é louco”, comentou a artista pelas redes sociais.

Racismo, country e Tracy Chapman

A regravação de Fast Car por Luke Combs gerou uma importante discussão no movimento country dos Estados Unidos. Isso porque, para ativistas antirracistas, a atitude do cantor poderia apagar o importante legado de Tracy Chapman no estilo.

“Sabemos que pessoas pretas visionárias que criaram coisas incríveis, com trabalhos potentes e influentes foram esquecidos ou apagados. Não é maldado dos artistas brancos que fazem músicas baseadas na deles, mas como a sociedade funciona”, apontou o artista afrotfuturista Jake Blount, ao Washington Post.

Uma pesquisa feita por Jan Diehm e Jada Watson afirmou que apenas 0,5% das músicas country tocadas nas rádios norte-americanas era feitas por mulheres pretas LGBTQIAP+.

“De um lado, Luke Comb é um grande artista e é incrível ver alguém na música country influcenciada por uma artista preta e queer. Mas, ao mesmo tempo, é difícil imaginar se teria essa redescoberta de Tracy Chapman sem um branco como intermediário”, aponta Holly G, criador da Black Opry, selo especializado em música country produzida por pessoas pretas.

 

Fonte: Luiz Prisco/Metrópoles

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